quinta-feira, 13 de abril de 2017

"VOO LIVRE"

Vejo agora milhares de formas de liberdade... 
No sol que brilha furtivamente através das folhas de outono e penso: "- Como é lindo e como aquece meu coração! Na estrela pequenina que se acende na imensidão das trevas, e meu coração continua aquecido..."
Vejo a liberdade dentro da imensa saudade que sinto, no sorriso das crianças - que são minhas - e de outras que resplandecem no universo chamado vida... 
Às vezes me encontro timoneiro navegando no Oceano azul engarrafando minha alforria e espalhando mensagens de paz (Procuro a Paz). 
Outras vezes, viro astronauta suspenso por entre constelações e Vias - Lácteas e o céu é profundamente azul...
Me vem à tona imagens de um tempo passado de coloridos multicores, de festas, de abraços demorados, de gestos fraternos, da brisa suave no rosto, e quase tudo me é permitido...
Adoro a tranquilidade da minha esquina preferida e das conversas banais com os amigos que encontro pelas ruas.
Depois volto à rotina, ao arroz com feijão, ao meu dia a dia, e sinto uma saudade terrível do que é comum...
Das janelas abertas, das portas escancaradas, da rede na varanda, dos colóquios e assovios intermináveis com os passarinhos que pousavam leves, todos os dias, quase como um ritual no telhado que cobria todos os meus sonhos...
Recebo notícias de que os passarinhos continuam pousando sobre o telhado da casa, como se aguardassem a minha volta!
Quantas vezes me senti eterno, sem qualquer medo, e inteiro.
Hoje, meus braços acropáticos não alcançam mais as janelas - que existem apenas na minha imaginação, assim como as portas transformadas em grades intransponíveis -...
E ainda flui o imperativo das reflexões, dos erros que não ficam ocultos, dos pecados decifráveis sem os enigmas pueris; e a vontade de voltar atrás, perdida na fronteira da impossibilidade, daquilo que não pode mais ser construído...
Ou terei ainda tempo?!
Meus alforjes são literalmente desumanos, preso sem ser criminoso, ou por amar meus amigos - e como eu os amava, mas mesmo assim, como um milagre - porque o milagre vem do amor, consigo ver agora milhares de formas de liberdade...
No olhar perdido de meu companheiro de cela, e até mesmo em suas angústias.
E tudo é absurdamente erigido em instrumentos de fé...
O acordar sem perspectivas, o ócio da "Oficina do Diabo", as discussões constantes, a custódia do nosso pão de cada dia, e o dormir quase sempre dentro da tribulação...
Todavia, momentaneamente, mas de maneira intensa, volto a ter esperanças - essa gama de  sentimentos insólitos e estranhos que não consegue nunca fracassar...
Vejo, então, os portões abertos, os meus primeiros e últimos passos, e vislumbro outras portas que eu mesmo tentarei abrir com dignidade e confiança, no limiar de um novo amanhã!
Penso, então, que a LIBERDADE é um lugar infinitamente sublime e sem quaisquer limites onde todas as criaturas de DEUS tem asas...
E, que logo, logo, alçarei meu voo...

JOSÉ AGNALDO FOGAÇA 

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